quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A lata de salsichas


Um dia destes, ao fazer zapping entre um canal e outro, deparo-me com alguém que, a meio da sua entrevista, diz qualquer coisa como: “cada pessoa com quem me cruzo trava a sua batalha…”. Tal como eu, a pessoa não sabia quem tinha sido o autor da frase e, por agora, também não vem ao caso. A verdade é que estas palavras me ficaram na memória aquele dia todo (e, pelos vistos, teimam em permanecer!)…

Horas mais tarde, dou comigo no metro, sozinho, em pleno fim do dia. Observo as caras desconhecidas que se vão tornando familiares, à medida que o metro avança de estação em estação. Naquele momento, a minha batalha é chegar ao carro, após uma viagem de expresso, mais ou menos tranquila, depois de um fim de semana curto, como todos os fins de semana. Ao contrário dos 90% (sem exagero) das pessoas que viajam na mesma carruagem que eu, não cedo à tentação de pegar no telemóvel para ver mais isto ou aquilo, tentar adivinhar mais uma palavra naquele jogo que nunca mais chega ao fim, atualizar as minhas Instastories… Não! Fico ali a observar as pessoas, tentando imaginar, uma a uma, as batalhas que cada uma, eventualmente, está a travar! De repente, alguém interrompe esta deambulação: “Estou no metro, Isabel! Estou no metro (enquanto tenta ultrapassar o nível 44? do Comfort2 – nunca ouvi falar!); Oh Isabel, não tens nada para comer em casa? (respira fundo) Ok, depois eu vejo qualquer coisa quando chegar! Estou quase a chegar (mentira, contei mais 5 estações, até sair!)… Entretanto, penso na lata de salsichas que viaja comigo na mala. Ninguém me espera nesta casa, mas pelo menos, tenho as salsichas que me vão saber a tanto.  

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Adeus

Mudam lugares

Mudam pessoas

Mas o tempo continua o tempo...

sem pressa de chegar,

parto para onde não quero ficar.

Fico

Vivo

Parto

Pudesse eu dizer adeus.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Mias uma viagem

Eis-me de volta a uma rotina da qual não tinha saudades... Ano após ano, os 300 km que me separam do chão que tanto quero parecem cada vez mais distantes! Cá estou eu em mais uma viagem que parece não terminar. E os anos passam... e os anos passam...

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Saudade


Lembro-me do tempo em que me levavas contigo na mota!
Corríamos as aldeias todas e todos te conheciam…
Compravas beijinhos e cavacas, bebíamos sumos de fruta!
Aos domingos, quando não íamos passear, davas-me uma moeda…
Eu comprava pastilhas e rebuçados!
Chamavas-me Castelinho,
E eu, na altura, não percebia que tu eras o meu Rei!
Até que um dia, deixámos de passear…
Tu foste não sei bem para onde…
E um dia levaram-me p’ra te visitar…
Estavas numa casa muito grande, com muitos quartos,
Deitado sobre uns lençóis de cor branca escurecida do passar do tempo.
E foi aí, a última vez que eu te vi!
Já não havia nada a fazer,
Trouxeram-te para casa para poderes morrer…
E aí, morreste, sem mais eu te ver…
Levaram-me para longe de ti, para não te ver!
E eu fui! E por isso, ainda hoje choro!
Nunca te devia ter deixado naquela hora!
Mas foi tão mais fácil fugir, do que ver-te partir…
O Castelinho ainda está aqui, avô!
E a saudade é tanta, que aperta no coração!
Olha por mim!
Para que um dia possa ir ter contigo…
Até logo! E como tu costumavas dizer:
“Seja tudo por amor de Deus”.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

vómito

E de repente volta o cinzento... volta a chuva que cai copiosamente lá fora quando aqui dentro tudo parece querer sair. Vómito não me parece uma palavra bonita, mas é aquela que melhor define o estado de espírito em que me encontro, preso neste expresso que parece nunca mais chegar... 

sábado, 16 de abril de 2016

Olhos de Deus



Que poderei eu escrever acerca de palavras que me levam para tantos lugares que conheço, tantos abraços apertados de tanto não querer largar, tantos adeus…
Embora cada despedida seja “uma lâmina”, parto sempre com a certeza de levar comigo “Os olhos de Deus” que esperam por mim e que embarcam em mim a cada retorno, mas “o alento que cada beijo trouxer” sabe-me sempre a pouco, e eu preciso de (tanto) mais!

“Há palavras que nos beijam como se tivessem boca”… e estas, escritas por Abrunhosa e sublimemente cantadas por Moura, roubei-as e tornei-as minhas no momento em que me correram lágrimas de deslumbramento perante tanta beleza! Sonhei.



segunda-feira, 13 de abril de 2015

Tanto tempo passou...
Tantas coisas aconteceram,
Tanto espaço,
Tanto tempo...
mas tanto soube-me a pouco!