Um dia destes, ao fazer zapping entre
um canal e outro, deparo-me com alguém que, a meio da sua entrevista, diz qualquer
coisa como: “cada pessoa com quem me cruzo trava a sua batalha…”. Tal como eu,
a pessoa não sabia quem tinha sido o autor da frase e, por agora, também não
vem ao caso. A verdade é que estas palavras me ficaram na memória aquele dia
todo (e, pelos vistos, teimam em permanecer!)…
Horas mais tarde, dou comigo no
metro, sozinho, em pleno fim do dia. Observo as caras desconhecidas que se vão
tornando familiares, à medida que o metro avança de estação em estação. Naquele
momento, a minha batalha é chegar ao carro, após uma viagem de expresso, mais
ou menos tranquila, depois de um fim de semana curto, como todos os fins de
semana. Ao contrário dos 90% (sem exagero) das pessoas que viajam na mesma carruagem
que eu, não cedo à tentação de pegar no telemóvel para ver mais isto ou aquilo,
tentar adivinhar mais uma palavra naquele jogo que nunca mais chega ao fim,
atualizar as minhas Instastories… Não!
Fico ali a observar as pessoas, tentando imaginar, uma a uma, as batalhas que
cada uma, eventualmente, está a travar! De repente, alguém interrompe esta deambulação:
“Estou no metro, Isabel! Estou no metro (enquanto tenta ultrapassar o nível 44?
do Comfort2 – nunca ouvi falar!); Oh Isabel, não tens nada para comer em casa?
(respira fundo) Ok, depois eu vejo qualquer coisa quando chegar! Estou quase a
chegar (mentira, contei mais 5 estações, até sair!)… Entretanto, penso na lata
de salsichas que viaja comigo na mala. Ninguém me espera nesta casa, mas pelo
menos, tenho as salsichas que me vão saber a tanto.