quinta-feira, 19 de maio de 2016

Saudade


Lembro-me do tempo em que me levavas contigo na mota!
Corríamos as aldeias todas e todos te conheciam…
Compravas beijinhos e cavacas, bebíamos sumos de fruta!
Aos domingos, quando não íamos passear, davas-me uma moeda…
Eu comprava pastilhas e rebuçados!
Chamavas-me Castelinho,
E eu, na altura, não percebia que tu eras o meu Rei!
Até que um dia, deixámos de passear…
Tu foste não sei bem para onde…
E um dia levaram-me p’ra te visitar…
Estavas numa casa muito grande, com muitos quartos,
Deitado sobre uns lençóis de cor branca escurecida do passar do tempo.
E foi aí, a última vez que eu te vi!
Já não havia nada a fazer,
Trouxeram-te para casa para poderes morrer…
E aí, morreste, sem mais eu te ver…
Levaram-me para longe de ti, para não te ver!
E eu fui! E por isso, ainda hoje choro!
Nunca te devia ter deixado naquela hora!
Mas foi tão mais fácil fugir, do que ver-te partir…
O Castelinho ainda está aqui, avô!
E a saudade é tanta, que aperta no coração!
Olha por mim!
Para que um dia possa ir ter contigo…
Até logo! E como tu costumavas dizer:
“Seja tudo por amor de Deus”.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

vómito

E de repente volta o cinzento... volta a chuva que cai copiosamente lá fora quando aqui dentro tudo parece querer sair. Vómito não me parece uma palavra bonita, mas é aquela que melhor define o estado de espírito em que me encontro, preso neste expresso que parece nunca mais chegar...